5 de abril de 2015

Com amor


Após o sinal, deixe sua mensagem.

Como odeio ouvir isso! Tanto quanto você odeia falar ao telefone, e talvez seja por isso que a secretária eletrônica funcionou perfeitamente bem. Malditos aparelhos eletrônicos que não seguem nossas expectativas, e funcionam quando não queremos. Chego a crer que tem vida própria e posso até xingá-la.

Pera aí? Está gravando? Ó, Deus! Tudo bem, é... Oi, Paul. É a Tess... e eu não odeio sua secretária eletrônica. Ela até parece ser legal, divertida, sem falar que a forma como fala "deixe" em tom convidativo é bem sexy. Mas a verdade é que eu odeio não poder te ouvir.

Tu, tu, tu.

Você deve estar encarando o envelope nesse momento. Comparando-o com o conteúdo da carta, fazendo uma careta gigantesca! Tentando entender se a mesma pessoa que a escreveu, foi a mesma que a enviou. Questionando a existência de seres alieníginas que ocupam o lugar de moças indefesas e desajeitadas como eu. Mas não! Dessa vez não é história, nem invenção ou rima. Essa é a nossa realidade, a nossa verdade e que nunca foi dita a ninguém. Nem nós sabíamos, até que ouvi dizer de uma pessoa muito sábia que a vida é curta, porém cheia de oportunidades.

Espero não ser tarde demais para dizer que eu... você merece ser amado. E quando digo amado, profundamente, loucamente e verdadeiramente. Exatamente como nos filmes que eu recomendo pra você! Eles são tão melosos e "gays", eu sei. Mas não consigo achar outra forma de definir o amor que você merece. Tem que ser puro, confidente e apaixonante. Que faça a chuva parecer um alívio e não algo que chegou sem avisar, se nem ter sido convidado. Você merece um amor só seu, único, original e cativante.

Vai te fazer suspirar, eu sei. Você pode torcer o nariz e nunca admitir, mas eu vou saber. E como? Quando olhar para ela assim como o Alex olhou para Rosie em Love, Rosie. Vou saber que ela será a pessoa mais sortuda do mundo por ter o seu olhar carinhoso, preocupado e singular voltado apenas para ela. Vou estar em paz, quase que em lágrimas, mesmo que você me peça para não chorar. Mas acontece que eu não posso evitar...

Eu te amo, Paul. E é esse tipo de coisa que as pessoas que amam fazem. Choram quando ficam felizes pelas outras. Vou te contar, as coisas não tem sido fáceis nas últimas semanas, e você sabe. A cidade anda uma bagunça, e aqui dentro do apartamento está um caos: graças a mim. Minhas confusões estão em todos os lugares, até na geladeira. Deve ser por isso que minha calça favorita não passa mais por minhas coxas, mas a questão não é essa.

Nunca tive oportunidade de dizer, mas aqui vai de novo: eu te amo. Eu. Te. Amo. E muito! Desde o primeiro momento em que te vi. E me importo com você, de uma maneira que distância nenhuma pode me desmotivar. E sobre ter oportunidades, eu tive vontade de te dizer isso ontem, enquanto acabávamos com o vinho da casa. Ou quando te liguei chorando, reclamando da minha chefe. Ela me deixa em parafusos! Mas você me repara, e não é só isso. Faz questão de me lembrar que posso funcionar, com ajuda ou sozinha. Independente, cabeça, você diz.

Sinto que posso confiar em você cegamente. E até bêbada! Você sabe meus limites e eu sei seus sonhos e segredos como ninguém. Vou guardá-los comigo para sempre, não importa quanto tempo passe ou quanto peso eu ganhe - Deus, quero emagrecer.

Faltam alguns dias para seu aniversário e estarei viajando. Sinto não poder aparecer com um cupcake cheio de velas e outra garrafa de vinho. Seria maravilhoso chegar de ressaca no trabalho no dia seguinte só pela experiência de virar a noite gargalhando com você mais uma vez. É um grande amigo, Paul. Não há problemas com você por perto. Por mais que reclame, há sempre um hoje é um novo dia na manga. E eu solto um riso que me desarma completamente. Não consigo manter a pose perto de você. Nos dizemos enigmáticos, mas sabemos do que se trata a coisa toda.

Paul... eu não sei como te dizer isso e na verdade, não direi. Mesmo com vários cursos de falar em público e toda aquela baboseira psicológica, como boa redatora, ainda confio mais no meu poder com as palavras. Poderes! Essa palavra me faz rir. Você me diz que tenho vários deles e até hoje, eu não entendi. Um dia você pode me explicar?

Sobre a verdade: eu sempre te quis. Mesmo com as caras de desaprovação, na época em que ambos tínhamos espinhas e quando te comparei com o James Dean. No fundo, eu sabia que ele nem era tudo isso. Já você, sempre foi tudo. Sempre. Desde o começo. Mas sou tão tímida, e orgulhosa e enigmática. Ou talvez eu nunca tivesse deixado claro o suficiente para ambos. E me sinto tão completamente estúpida por isso. Não sou de joguinhos e mentir pra você, seria carregar a culpa de estar mentindo para mim. Já tenho muitos arrependimentos na conta.

O ponto é que não há mais espaço para culpas. Quero deixar tudo no passado e começar de novo. Mudar a cor do cabelo mais uma vez, fazer uma nova tatuagem e sentir a brisa fresca pela janela do carro, enquanto você escolhe o que ouvir. Quero te ouvir, e te ouvir e ouvir, continuar te ouvindo, cantarolando ou bocejando. Seria ótimo se você me ouvisse, se ouvisse o barulho que eu faço quando prendo a respiração enquanto diz algo que me deixa confusa ou se notasse a cara que faço quando estou completamente concentrada em você.

Paul, independente dos meus sentimentos, você é uma pessoa maravilhosa. Que merece tudo de bom, inclusive vinhos. Quando digo seu nome, a minha boca se curva em um sorriso automaticamente. É natural. Não é algo que eu possa evitar, por mais que eu tenha o feito durante todos esses anos, mas eu não posso mais continuar me enganando ou segurando essas palavras na gaveta. Você adoraria vê-las voando por aí, tenho certeza.

Então, as leia. Tenho um monte delas, assim como o céu tem as estrelas. Os times os torcedores, e nós, histórias para contar. Essa é a nossa, e não é mentira. Não é enigma, nem jogar verde, para colher maduro. Essa sou eu, a Tess. Honestamente, amando você. Em todo o seu ser, com todo o meu ser.

Com amor e que é só seu,
Tess

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